Introdução: Os genes BRCA1 e BRCA2 desempenham papéis essenciais na manutenção da estabilidade do genoma. As variantes germinativas patogênicas nesses dois genes interrompem sua função, levam à instabilidade do genoma e aumentam o risco de desenvolver câncer de mama e ovário. Aproximadamente 10 a 15% dos casos de câncer de mama são causados por mutações genéticas hereditárias. Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo descrever as variantes patogênicas e provavelmente patogênicas identificadas nos genes BRCA1 e BRCA2 em uma população do estado da Bahia. Material e métodos: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e analítico, no qual a amostra foi composta por dados genômicos de 3.100 indivíduos com câncer ou história de câncer na família, que realizaram sequenciamento para painel de câncer, no DNA Centro Laboratorial de Genética e Biologia Molecular (Salvador-Bahia) entre 2017 e 2023. Foi realizado sequenciamento de nova geração (NGS) em fragmentos de 100-150 pb (paired-end) obtidos por captura de alvos enriquecidos de 37 genes nucleares do genoma humano. O sequenciamento dos fragmentos foi realizado no equipamento NextSeq2000 (Illumina). A análise primária foi realizada utilizando o pipeline de bioinformática DRAGEN fastq generator. A análise secundária e terciária foi realizada na plataforma SOPHIA-DDM versão v4-v5.10. Foram filtradas as variantes patogênicas (P) e possivelmente patogênicas (PP) detectadas nos genes BRCA1 e BRCA2 para estudo das mutações encontradas nesses genes e respectivas frequências na amostra estudada. A análise das variantes detectadas foi realizada utilizando o banco de dados Varsome. Resultados: A amostra apresentou uma frequência de 3,8% de mutações P ou PP nos genes BRCA1 e BRCA2. Foram detectados 21 tipos de variantes para o gene BRCA1 em um total de 77 pacientes, sendo as variantes mais frequentes: c.211A>G; c.3331_3334del e c.470_471del. No gene BRCA2 foram encontradas 19 variantes diferentes em total de 42 pacientes, com maior frequência das variantes: c.8488-1G>A; c.5216dup e c.517-1G>A. Discussão: Em BRCA1 a variante c.211A>G, a mais frequente encontrada no presente estudo, tem origem espanhola enquanto que a variante c.3331_3334del é uma das mais frequentes descritas em populações brasileiras. No Gene BRCA2 a variante c.8488-1G>A foi descrita em famílias portuguesas e a variante c.5216dup foi descrita anteriormente na população brasileira. Conclusão: Foi possível observar variantes originárias de diversos países, evidenciando o perfil genético miscigenado da população brasileira. Ao mesmo tempo que, diversas variantes têm se mostrado mais ou menos frequentes em regiões diferentes do Brasil. Portanto, traçar o perfil genético da população baiana se mostra importante e desafiador. A identificação de variantes patogênicas nos genes BRCA tem papel importante em cirurgias e redução de risco, planejamento de tratamento e vigilância familiar.
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