O USO DO INSTAGRAM NA DIFUSÃO DO CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO POR COMUNIDADES INDÍGENAS E GRUPOS INDIGENISTAS DO ESTADO DA BAHIA

Dentre os diversos conhecimentos compartilhados através das mídias digitais, destaca-se o conhecimento etnobotânico, que diz respeito às relações sociais, culturais e econômicas entre comunidades tradicionais e as plantas. Neste contexto, o Instagram é uma das principais redes sociais adotadas por comunidades indígenas, servindo como plataforma para propagação e reforço dos seus valores, práticas e conhecimentos. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo compreender o uso do Instagram na difusão do conhecimento etnobotânico por comunidades indígenas e grupos indigenistas do estado da Bahia. De acordo com critérios bem definidos de seleção e busca, escolhemos 30 perfis, em seguida analisamos e classificamos as postagens de acordo com sua relevância para a pesquisa; demais métricas como visualizações, curtidas, comentários e número de seguidores também foram analisadas. Os resultados revelam que dos 30 perfis, 25 continuam ativos e 5 interromperam as atividades. Há um baixo número de publicações com conteúdo de etnobotânica em relação a quantidade total de postagens. Enquanto a maioria dos perfis de comunidades indígenas apresentam publicações com conteúdo de etnobotânica, poucos perfis de movimentos ou associações indigenistas fazem o mesmo. Das espécies vegetais identificadas nas publicações, o urucum (Bixa orellana L.), jenipapo (Genipa americana L.), umbu (Spondias tuberosa Arruda), caroá (Neoglasiovia variegata (Arruda) Mez) e aipim (Manihotesculenta Crantz) foram as mais frequentes. Muitas mudas e sementes aparecem sem identificação nas postagens de perfis indígenas e indigenistas. O carrossel é o tipo de publicação favorita entre os perfis de comunidades indígenas, já imagens são o tipo preferido entre os perfis de movimentos indigenistas. No geral, as imagens são preferidas em detrimento dos vídeos. Embora em baixo número, a existência de publicações com conteúdo de etnobotânica, seja em perfis indígenas ou indigenistas, evidencia o potencial da referida rede enquanto extensão dos povos originários no espaço digital, exibindo práticas, valores e conhecimentos de grande importância não só para os seus integrantes, como também para comunidades externas, promovendo um melhor entendimento de sua relação com os recursos vegetais existentes.
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Autor: 
MATHEUS AUGUSTO DE AZEVEDO
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