Piresia é um gênero de bambus herbáceos que possui uma distribuição geográfica interessantemente disjunta, entre a Amazônia e Mata Atlântica. Pouco, no entanto, se sabe sobre sua história evolutiva, tanto no que diz respeito às suas relações filogenéticas, quanto aos padrões e processos que têm influenciado sua diversificação, que parecem ter reflexo na complexa morfologia de suas espécies. Por essa razão, o presente trabalho teve como objetivo estudar a biogeografia de Piresia, utilizando para tanto, regiões do DNA plastidial (ndhF, rpl16, rpl32-trnL, trnD-psbM, trnD-trnT e trnL-trnF) e análises de Inferência Bayesiana, datação molecular e de reconstrução de área ancestral com o intuito de estimar a origem e os principais eventos de divergência e diversificação do grupo. Os resultados indicaram que Piresia é constituído por três grupos, tendo divergido dentro de Olyreae no Mioceno Inferior, possivelmente em uma formação florestal que abrangia a América do Sul e parte da América Central, em condições climáticas que favoreceram a origem de duas linhagens: a do Mioceno (LM) e do Pleistoceno (LP). Em LM, a diferenciação parece estar relacionada à fragmentação das matas em decorrência de mudanças climáticas que diminuíram as áreas de contato entre a Amazônia e a Mata Atlântica. Dentro de LP, um evento de divergência ocorreu concomitantemente à separação dos dois biomas acima descritos, o que deu origem à formação de linhagens disjuntas no gênero (Linhagem do Pleistoceno da Mata Atlântica - LPMA e Linhagem do Pleistoceno da Amazônia - LPA). Essas parecem ter sido ainda influenciadas respectivamente por transgressões marinhas (na região costeira da Mata Atlântica) e pelo soerguimento andino e pelas modificações no curso dos rios (na Bacia Amazônica). Nesses dois grupos ainda existem questões não esclarecidas quanto aos limites específicos e as suas relações filogenéticas, tendo em vista a complexidade morfológica do grupo e prováveis eventos de hibridação. Ainda concluímos que parece existir uma correlação entre a distribuição geográfica das espécies e sua adaptabilidade a determinado nicho climático, que por sua vez, parece estar moldando a história evolutiva do gênero.
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tcc_hedinabbezerra_set_2017_cienciasbiologicas.pdf | 1.75 MB |