VARIAÇÃO GEOGRÁFICA NO CANTO DE THAMNOPHILUS CAPISTRATUS (CHOCA-BARRADA-DO-NORDESTE)

A comunicação animal é a base para as interações sociais entre indivíduos de uma mesma espécie, que podem utilizar de diferentes tipos de sinalizações elaboradas para transmitir mensagens através de sinais visuais, elétricos, químicos ou acústicos. Dentre estes, as comunicações acústicas e visuais estão entre as mais utilizadas no grupo das aves, sendo que a última recebe destaque pelo seu importante papel ecológico e social. Nas aves, os sinais acústicos podem ser divididos em canto e chamado. Os cantos são utilizados para defesa de território e atração de parceiros, enquanto os chamados são utilizados em contexto de forrageio e para alarmes. Os sinais acústicos são passíveis de sofrerem alterações em suas características, o que pode causar efeitos evolutivos passíveis de mensuração e são potencialmente úteis para testar a relação entre divergência geográfica de sinais, isolamento reprodutivo e especiação. Os processos envolvidos nas modificações desses sinais são divididos em determinísticos e estocásticos, sendo que o primeiro geralmente está associado às restrições morfológicas, estrutura do habitat e seleção sexual, enquanto os processos estocásticos dizem respeito à deriva genética, seleção social e barreiras geográficas. Aqui, analisamos a variação geográfica do canto da choca-barrada-donordeste (Thamnophilus capistratus), um suboscines endêmico da Caatinga. Testamos a influência da estrutura do habitat e a barreira do Rio São Francisco (RSF) na variação espacial das vocalizações. Nossos resultados revelaram que: 1) as variáveis climáticas precipitação e vapor d’água apresentaram influência significativa na variação de parâmetros espectrais do canto; 2) O RSF demonstrou ser uma barreira na diferenciação dos parâmetros vocais, embora haja sobreposição entre os grupos, sendo este um indicativo da influência da recente mudança no seu paleocurso; 3) A frequência 25% da nota central foi a única variável que apresentou relação significativa com a latitude. Desse modo, nossos resultados sugerem que existe variação geográfica no canto de T. capistratus, porém mais estudos são necessários para avaliar a efetividade da barreira do RSF e a influência destas variáveis climáticas nos parâmetros vocais da espécie.  
 
 
 
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Autor: 
ISABELLE OLIVEIRA LIMA LUZ
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