As cianobactérias pertencem a um importante grupo de procariotos com grande diversidade morfológica e adaptativa, sendo organismos fotossintetizantes e produtores de metabólitos secundários com propriedades farmacológicas e biotecnológicas que beneficiam a humanidade, mas que também podem provocar graves problemas à saúde pública e ao meio ambiente devido à produção de cianotoxinas. Estas toxinas podem acumular-se na cadeia trófica e causar graves efeitos biológicos, sendo classificadas, a depender do órgão afetado, em hepatotoxinas, neurotoxinas e dermatotoxinas. O aumento de compostos orgânicos na água, processo chamado de eutrofização, proporciona condições para que ocorra uma proliferação de cianobactérias. Este fenômeno foi observado em um importante corpo d’água da cidade de Salvador, Bahia, o Dique do Tororó. Amostra dessa proliferação de cianobactérias foi coletada para identificação e cultivo, com o objetivo de analisar a presença de genes produtores de cianotoxinas nas espécies presente. Para esta avaliação, foi utilizada a prospecção gênica baseada em PCR e oligonucleotídeos iniciadores específicos (primers) para detecção de genes codificadores das cianotoxinas. Os primers utilizados para detecção dos genes codificadores de microcistina foram mcyD, mcyE e mcyG; para saxitoxina foram empregados sxt1, sxtA e OCT; e para avaliar o potencial de produção de cilindrospermopsina foi utilizado o primer Cynsulf. Foram identificados morfologicamente cinco gêneros de cianobactérias: Chroococcus, Geitlerinema, Microcystis, Leptolyngbya e Phormidium, sendo possível o isolamento e cultivo de Geitlerinema amphibium, Leptolyngbya tenerrima e Microcystis aeruginosa. Dentre as quatro cepas analisadas, duas apresentaram genes codificadores de microcistina, sendo elas G. amphibium e L. tenerrima. Esse estudo, além de demonstrar a diversidade de cianobactérias presentes na proliferação de cianobactérias registradas no Dique do Tororó, em outubro de 2017, também evidenciou o potencial tóxico de Geitlerinema amphibium e Leptolyngbya tenerrima ocorrentes neste ambiente, dado a sua capacidade para produzir a toxina microcistina. A presença destes organismos potencialmente tóxicos no referido corpo hídrico, serve de alerta para a tomada de decisão quanto à limpeza e monitoramento, dado ao comprometimento da qualidade da água para os usos do Dique do Tororó.
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