Montagem de novo e análise dos plastomas de Melocactus ×albicephalus Buining & Brederoo(Cactaceae)

Melocactus ×albicephalus Buining & Brederoo (Cactaceae) é considerado um híbrido natural que ocorre simpatricamente com M. glaucescens e M. ernestii. Devido à ocorrência simpátrica e a morfologia de M. ×albicephalus, que parece ser intermediária entre M. glaucescens e M. ernestii, estas são as espécies parentais presumidas. Mais além, estudos recentes indicam que há baixa introgressão em híbridos do gênero Melocactus, o que permite que as populações híbridas acumulem mutações que as distanciem geneticamente dos parentais. Estudos do genoma do cloroplastos (cpDNA, plastoma) podem ser informativos para inferir sobre o status de populações híbridas, colaborando para o manejo de taxa que podem estar em risco de extinção. O presente trabalho teve como objetivo realizar a montagem de novo e análise dos plastomas de Melocactus ×albicephalus, visando a identificação das espécies parentais e suas relações filogenéticas. O DNA total de um indivíduo de M. ×albicephalus foi extraído, liofilizado e submetido ao Sequenciamento de Nova Geração (New Generation Sequencing – NGS) em plataforma HiSeq 4000 BGISeq500. A montagem de novo do cpDNA permitiu a obtenção de dois plastomas de M. ×albicephalus, indicando a ocorrência de heteroplasmia de cloroplasto em suas células, denominados de cpDNA1 e cpDNA2. O cpDNA1 é 96,4% semelhante ao plastoma de Discocactus bahiensis, o único plastoma de Discocactus disponível para comparação. Já o cpDNA2 é 99,3% semelhante ao plastoma de M. glaucescens. Comparando cpDNA1 e cpDNA2 de M. ×albicephalus com o plastoma de M. ernestii, percebe-se diferenças maiores em todas as regiões do que as comparações com D. bahiensis e M. glaucescens. Outrossim, M. ×albicephalus ocorre simpatricamente não somente com M. glaucescens e M. ernestii, mas também com Discocactus zehntneri subsp. boomianus. Desta forma, a zona de hibridação do Parque Estadual de Morro do Chapéu, conhecida popularmente como “Lages”, pode abrigar eventos de hibridação não somente entre M. glaucescens e M. ernestii, mas também entre M. glaucescens e D. zehntneri subsp. boomianus. Sendo assim, podemos inferir que o indivíduo M. ×albicephalus analisado é um híbrido intergenérico, indicando fraco isolamento pré-zigótico de M. ×albicephalus, sendo necessários mais estudos para inferir sobre o status das suas populações híbridas.
Semestre: 
Autor: 
HUGO VITA SOUSA
Arquivo: 
AnexoTamanho
PDF icon tcc_hugo_vita_sousa.pdf1.11 MB