INVESTIGAÇÃO DE POLIMORFISMO NOS GENES IFNG E IL4 EM ASSOCIAÇÃO COM A OCORRÊNCIA DO AVC EM CRIANÇAS COM ANEMIA FALCIFORME

A anemia falciforme (AF) é caracterizada pela apresentação de diversas manifestações clínicas oriundas de eventos vaso-oclusivos, hemolíticos e inflamatórios, que são resultantes das alterações eritrocitárias causadas pela hemoglobina variante S (HbS). O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais manifestações clínicas na AF. A literatura tem sugerido que a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias pode estar associados à de ocorrência do AVC. O presente estudo tem como objetivo analisar os parâmetros laboratoriais, bem como investigar a presença de polimorfismos em genes de citocinas inflamatórias, tais como IL4 -590 C>T e IFNG +874 T>A, associando-os a parâmetros clínicos, visando elucidar associações. A casuística foi composta por 66 indivíduos com AF, sendo 24 com histórico do AVC e 42 sem  histórico, compreendendo o controle. Os parâmetros laboratoriais foram avaliados por métodos automatizados e a análise molecular foi realizada pela técnica de PCR-RFLP e PCRASO. A análise dos parâmetros laboratoriais revelou um aumento na contagem de reticulócitos nos indivíduos do grupo caso (p=0,0101). Também foi encontrada associação entre o AVC e a dosagem de albumina (p=0,0006), proteínas totais (p=0,0087) e ácido úrico (p=0,395). Frequência elevada foi encontrada para o alelo mutante do gene IFNG na população estudada e uma associação significativa entre a presença do polimorfismo -590 C>T no gene IL4 e alguns parâmetros laboratoriais como contagem de linfócitos (p=0,0152), plaquetas (p=0,0203), proteínas totais (p=0,227) e bilirrubina direta (p=0,0054).  Para os parâmetros laboratoriais nos indivíduos com AF, foi elucidado uma associação  entre a presença do alelo T no gene IL4 e marcadores, como VCM (p=0,0105), HCM (p=0,0421), RDW (p=0,0105), LDL-C (p=0,0351), AST (p=0,0292) e bilirrubina total (p=0,0468). Além disso, foi encontrada associação significativa entre a presença do alelo mutante no gene da IL4 e a dosagem de citocinas, como IL-1β (p=0.03), IL-8 (p=0.0167) e IL-12 (p= 0.0095). Não foram encontras associações estatísticas entre os parâmetros avaliados e a presença dos polimorfismos no gene do IFGN. Conclui-se que os pacientes com  histórico de AVC apresentam alterações estatisticamente significantes nos parâmetros laboratoriais e que o polimorfismo no gene IL4 apresenta uma associação direta com parâmetros laboratoriais  e marcadores inflamatórios na AF. 
 
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Autor: 
ANTONIO MATEUS DE JESUS OLIVEIRA