HISTÓRIA NATURAL DE LOXOSCELES CHAPADENSIS BERTANI, FUKUSHIMA & NAGAHAMA, 2010 (ARANEAE, SICARIIDAE)

Este Trabalho de Conclusão de Curso trata dos resultados dos planos de trabalho de iniciação científica desenvolvidos pela autora de 2021 a 2024 no âmbito do Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia da Universidade Federal da Bahia (NOAP/UFBA). Versa sobre a história natural da aranha Loxosceles chapadensis Bertani, Fukushima & Nagahama, 2010, aranha de potencial importância médica pertencente à família Sicariidae. L. chapadensis é uma das 147 espécies do gênero Loxosceles, das quais 22 são registradas em diferentes regiões do Brasil e oito na Bahia. Foi encontrada em 14 localidades, 13 no estado da Bahia, das quais nove são grutas, e uma no Parque Nacional Serra das Confusões no estado do Piauí. Pouco se sabe além dos registros de ocorrência e de suas características morfológicas, que a incluíram no grupo Gaucho. A ausência de publicações com enfoque específico na L. chapadensis por quase 15 anos destaca a necessidade de preencher lacunas na compreensão de sua história natural. Além disso, a importância médica das Loxosceles, aliada ao crescente interesse turístico em cavernas, torna os estudos sobre a espécie extremamente relevantes. Objetivou-se conhecer sobre onde ocorrem as L. chapadensis e como vivem em seu ambiente natural, além de contribuir para o conhecimento da diversidade aracnológica no Estado da Bahia. Para isso, foi realizado um estudo de observação participante que envolveu capturas e observações em campo (Licença Permanente para Coleta de Material Zoológico SISBIO/ICMBio N. 73871, e Licenças N. 10751-6; 10751-7) das L. chapadensis. O trabalho foi conduzido durante cinco expedições (2022-2024) na ecorregião da Chapada Diamantina. Foram coletados espécimes em sete localidades (seis grutas). As áreas de amostragem foram marcadas de acordo com variáveis microclimáticas. Temperatura e umidade foram consideradas ambientalmente homogêneas, mas a distribuição espacial das aranhas foi heterogênea, determinada pela luminosidade. A presença de L. chapadensis próxima à localidade-tipo da espécie L. niedeguidonae de Andrade, Bertani, Nagahama & Barbosa, 2012, levanta questionamentos acerca da separação das espécies e da possibilidade de coexistência das duas. Além disso, dentre os locais amostrados, foi encontrada apenas uma espécie de Loxosceles por gruta, o que leva à hipótese de que haja uma dominância entre as populações cavernícolas de Loxosceles da Chapada Diamantina. Podemos concluir que a L. chapadensis ocorre predominantemente em ambientes de caatinga com características geomorfológicas e vegetacionais xéricos de altitude, até então com registros na Bahia e no Piauí. Pode-se considerar essa espécie como endêmica do Nordeste do Brasil, com populações troglófilas na ecorregião da Chapada Diamantina. Apesar de esse trabalho ser o primeiro passo para o conhecimento sobre a história natural da espécie, ainda existem lacunas a serem preenchidas. Sugere-se, um estudo cronobiológico em caverna para confirmar a troglofilia de Loxosceles chapadensis; um estudo integrativo, que inclua a caracterização do veneno e a relação filogenética entre L. chapadensis e L. niedeguidonae; e um estudo da biologia evolutiva das aranhas cavernícolas da Chapada Diamantina. Ademais, reforçamos a importância da identificação dos animais que chegam no serviço de saúde a partir de casos de loxoscelismo para que se conheça as espécies de importância médica do estado da Bahia.
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Autor: 
JÚLIA ANDRADE DE SÁ
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