O gênero Astyanax (Teleostei, Characidae) é o mais numeroso da sub-família Tetragonopterinae. Compreende atualmente 93 espécies e sub-espécies nominais, embora estudos recentes demonstrem que podem ser até mais numerosas. Este estudo abrange duas espécies: Astyanax lacustris e Astyanax fasciatus, todas parte de complexos de espécies. A primeira faz parte do complexo bimaculatus, a segunda do complexo fasciatus. O objetivo deste estudo é descrever essas formas, utilizando características morfométricas e merísticas que permitam diferenciá-las de formas semelhantes que ocorrem em outras bacias. Os exemplares foram coletados em quatro excursões durante o ano 2000, duas delas na estação chuvosa (janeiro e fevereiro), uma na descida das águas (abril) e uma no clímax da seca (outubro). As coletas foram feitas em três pontos do médio Rio São Francisco: dois na margem oeste (Rio Icatu e brejos na Serra do Estreito) e um na margem leste (Santo Inácio). De cada exemplar examinado coletou-se 28 dados morfométricos e 13 merísticos, usando-se paquímetro e estereomicroscópio; o tratamento numérico dos dados foi feito com auxílio do Excel. Os exemplares atribuídos a Astyanax lacustris apresentam 31 a 36 escamas na linha lateral e 25 a 30 raios na nadadeira anal, altura do corpo 35,8 - 52,9% do comprimento padrão, sem dentes no maxilar. Astyanax fasciatus apresenta 35 a 40 escamas na linha lateral, 23 a 30 raios na nadadeira anal, altura do corpo 27,3 - 41,4% do comprimento padrão e um dente no maxilar. Foi observada uma pequena variação morfológica entre populações de A. fasciatus da margem direita e esquerda do rio. Comparados a dados de literatura os resultados sugerem que estas duas formas de Astyanax são diferentes das formas de outras bacias, devendo ser elevadas ao nível de espécies, endêmicas da bacia do Rio São Francisco.
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