AGRICULTURA URBANA E PRINCÍPIOS AGROECOLÓGICOS

O desenvolvimento industrial possibilitou diversos benefícios para a humanidade e permitiu o surgimento de novas tecnologias, inclusive para a agricultura, ocasionando o aumento da produtividade agrícola. No entanto, tem sido mostrado que a agroindústria tem um impacto negativo sobre matéria orgânica do solo, biodiversidade, ciclo do fósforo, ciclo do nitrogênio, gases do efeito estufa e lençóis freáticos. Consequentemente, tem sido buscado maneiras de promover um aumento da sustentabilidade na produção de alimentos, sendo as hortas urbanas uma das abordagens nessa direção. Hortas urbanas têm sido consideradas importantes para a educação e a segurança alimentar, a promoção do direito a uma alimentação saudável e o aumento da autonomia e resiliência das comunidades. Princípios agroecológicos podem ser utilizados para implementar hortas urbanas que sejam produtivas e sustentáveis. O objetivo dessa pesquisa é compreender parcialmente as relações entre hortas urbanas e a agroecologia. O presente trabalho relata os resultados de um estudo exploratório na literatura acadêmica. Para sua realização, foram levantados artigos acadêmicos publicados a partir de 2012 que tratam de agroecologia e hortas urbanas, usando como bases para sua obtenção Google Scholar®, Scielo e Scopus. Como resultado desse estudo exploratório, foi possível identificar diversas técnicas nas quais a aplicação de princípios agroecológicos como manejo do solo, desenvolvimento da biodiversidade funcional e expansão das interações biológicas contribui para o agrossistema e proporcionam a renovação da matéria orgânica, à reciclagem de nutrientes no solo e fertilização da terra usada para plantio, à proteção do solo e água, ao estabelecimento de fluxos de energia que são conservados no sistema agrário, contribuindo com o acúmulo de biomassa, e ao controle de pragas. Um princípio agroecológico frequentemente referido na literatura é o manejo do solo de modo a manter sua cobertura. Essa diretriz possibilita o controle da erosão, o gerenciamento do microclima e a preservação da umidade do solo, possibilitando a redução dos insumos energéticos incorporados ao agrossistema, pois gera acúmulo de matéria orgânica, atividade biológica, ciclagem de nutrientes e consequentemente culturas saudáveis. Desta forma, pode-se concluir que os princípios agroecológicos aplicados a hortas urbanas geram serviços ecossistêmicos, benefícios aos ecossistemas naturais e contribuem para a justiça social. Em virtude da relevância atribuída na literatura ao manejo do solo de modo a manter sua cobertura, é importante investigar empiricamente as consequências da aplicação desse princípio em hortas urbanas, para uma melhor compreensão de seus benefícios e limitações.

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Autor: 
PAULO MOUTINHO ANDRADE DE SOUZA
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