Os acidentes de trabalho constituem importante problema de saúde pública no Brasil, questão que atinge o trabalho formal, assalariado e se agrava no trabalho artesanal. Nas atividades artesanais de pesca e mariscagem, umas das causas mais frequentes de acidentes são os animais presentes nos manguezais e nas praias. O encontro dos (as) trabalhadores (as) com estes animais ocorre cotidianamente quando os mesmos desempenham sua função na maré, causando quase sempre sofrimento para os acidentados e seus familiares, além de graves consequências sociais e econômicas. Os acidentes se caracterizam por uma sintomatologia variada, e em geral se relacionam com os hábitos dos animais e com as atividades de pesca desenvolvidas pelos trabalhadores. No presente trabalho realizamos uma caracterização etnobiológica dos acidentes provocados por animais durante a atividade de pesca e mariscagem artesanais. Foram consideradas sinonímias locais para apoiar as identificações dos animais envolvidos. Como recorte espacial, foram consideradas as comunidades de Matarandiba e Taperoá, localizadas na Baía de Todos os Santos e na região do Baixo sul baiano respectivamente. Foram aplicadas entrevistas livres e realizados registros de campo através de fotos e de cadernos de campo, além da coleta dos animais para identificação e criação de acervo biológico. Verifica-se que a característica dos acidentes e o animal causador estão relacionados com a modalidade da pesca e mariscagem efetuadas. Consideramos que a utilização da vivência de realidade local para acompanhar as repercussões destes eventos constitui-se em uma importante base para o conhecimento acerca dos acidentes e seus causadores, adicionando informações relevantes para a implementação de políticas públicas de saúde do trabalhador não assalariado, visando atenuar o desconhecimento e a invisibilidade presentes no quadro epidemiológico atual das comunidades estudadas.
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